ST 01 – A perspectiva intercultural em estudos sobre língua(s) de imigrantes e de fronteiras
Descrição: O presente Simpósio objetiva refletir sobre estudos e pesquisas que tratam sobre diversidade linguística bidialetal, cultural, identitária, plurilíngue, políticas linguísticas e educacionais em contextos de língua nacional e estrangeira/adicional, de imigrantes e de fronteiras geográficas. Foca-se a diversidade linguística sob o enfoque cultural de interação comunicativa em situações bidialetais da língua portuguesa no contexto escolar, da competência linguística de línguas como língua franca em contato entre dois ou mais códigos linguísticos em comunidades de fala de imigrantes e seus descendentes e de fronteiras geográficas. A cultura enquanto instrumento de divulgação do conhecimento possibilita o desenvolvimento de estudos da diversidade, da competência linguística e da cultura, evidenciando entendimentos a partir de situações socioculturais, geográficas e históricas complexas sobre o bidialetalismo e o bilinguismo. Além de descrever e interpretar os caminhos utilizados sobre a pluralidade de usos linguísticos e culturais de línguas nacionais e estrangeiras/adicionais, como também das políticas linguísticas e educacionais quando se trata sobre a língua de imigrantes e de fronteiras. A partir dessa discussão, entende-se ser possível encontrar espaço para uma rediscussão sobre a diversidade linguística no contexto sociocultural escolar de ensino e de aprendizagem, especialmente no espaço contemporâneo de globalização vivenciado pela América Latina, haja vista as especificidades econômicas e socioculturais que a fundamentam.
Coordenadores: Dra. Laura Janaína Dias Amato (Unila), Dra. Simone Beatriz Cordeiro Ribeiro (Unila) e Ma. Wânia Cristiane Beloni (Unioeste)
ST 02 – Construção de identidades culturais e conflitos religiosos no Brasil contemporâneo
Descrição: O contexto histórico de mundialização das identidades culturais vem sendo marcado também pelo surgimento de processos contra hegemônicos, que reafirmam identidades particulares na demanda por direitos. No Brasil, em resposta à multiplicação das manifestações públicas de intolerância religiosa contra os adeptos das religiões de matriz afro-brasileira, que vem acompanhando o crescimento do neopentecostalismo no país, temos presenciado novas maneiras de organização, mobilização e resistência por parte dessa população, cuja expressão da religiosidade tem sido historicamente perseguida. Em uma conjuntura em que os setores religiosos conservadores tem conquistado espaços cada vez maiores na política, ampliando as possibilidades de incidência social pelo uso do aparato estatal em prol de seus objetivos, os conflitos de natureza religiosa tem adquirido novas formas, que evidenciam a articulação entre liberdade religiosa, diversidade étnico-racial, democracia e a efetivação dos direitos de cidadania em um Estado constitucionalmente laico. O ST pretende reunir trabalhos que analisem esses conflitos sob diferentes ângulos, promovendo um diálogo interdisciplinar, de modo a promover um avanço nos conhecimentos empíricos, teóricos e metodológicos sobre o tema.
Coordenadores: Dra. Lana Lage da Gama Lima (UENF) e Dra. Ana Paula Mendes de Miranda (UFF)
ST 03 – Decolonialidade, Democracia e Discursos da Subalternidade
Descrição: A prolongada crise econômica europeia, o ressurgimento dos nacionalismos e dos partidos xenófobos, a experiência da primavera árabe e, por outro lado, a estabilidade alcançada por diversas autocracias falam de um clima global inóspito para a democracia. A narrativa dos anos oitenta foi marcada pelos Direitos Humanos e a transição. O argumento dos anos noventa foi sobre as democracias que delegavam, não liberais e híbridas, construções conceituais que enfatizavam a robustez dos processos eleitorais, apesar de seus déficits nas áreas de direitos da população e separação de poderes. Essa linguagem hoje é insuficiente: a noção de recessão democrática não descreve a regressão autoritária em curso.
Nesse contexto, o GT se propõe a analisar por quais formas os discursos foram fundando a história e os sentidos a partir de uma lógica de subalternização e de consequentes práticas coloniais de dominação. Esta análise discursiva mostra-se de fundamental importância no contexto contemporâneo como uma perpetuação da colonialidade. Assim, no contexto de uma geopolítica de acumulação capitalista apoiada na exclusão, a pretensão dos debates tangencia enfatizar a questão da Democracia e dos Direitos Humanos enquanto ferramenta intercultural e de racionalidade de resistência. Nesse sentido, a decolonialidade enquanto projeto político e epistêmico implica uma análise da relação entre conhecimento e colonialidade. Trata-se de um lugar de crítica da epistemologia eurocêntrica e, desta maneira, dos discursos coloniais. Nesse sentido, objetiva-se discutir e colocar sob análise crítica as narrativas universalizantes, as quais colonizaram os saberes, a política, a cultura, a economia e outras instâncias na América Latina e no mundo, reproduzindo uma série de distorções que acabam por negar a diversidade e direitos aos sujeitos historicamente subalternizados, seja por questões de gênero, etnia, identidade, religiosidade, sexualidade, estágio do ciclo de vida ou condição sócio-econômica.
Coordenadores: Dra. Thaís Janaina Wenczenovicz (UNIOESTE/UNOESC) e Dra. Raquel Fabiana Lopes Sparemberger (FURG/FMP-RS)
ST 04 – Políticas públicas, diversidade cultural e o desafio da descolonização na perspectiva latino-americana
Descrição: O debate sobre a relação entre diversidade cultural e descolonização não é recente e nos remete ao contexto do pós segunda guerra mundial, mais especificamente a partir dos anos 60 com suas proposições disruptivas no campo da política, do meio ambiente, da cultura, da economia e do comportamento. Entretanto, a crítica aos processos de apropriação e padronização cultural e de universalização de epistemologias oriundas do Hemisfério Norte, entendida aqui como um conjunto de teorias, conceitos, temas, metodologias e agendas políticas e institucionais que impõe lógicas e interesses dos países colonizadores e economicamente hegemônicos, aos demais povos e sociedades, permanece sempre necessário, demandando atualizações, revisões e ressignificações. Este simpósio temático tem como objetivo reunir pesquisadores, ativistas e estudiosos das complexas relações entre as reafirmações identitárias, o diálogo intercultural e a construção da experiência da equidade. Nos interessa abrir espaço para o debate sobre as políticas públicas no campo da cultura, da educação, da comunicação, do meio-ambiente, do desenvolvimento social, e de outras áreas próximas, de modo a atualizar reflexões conceituais e análises de práticas relacionadas ao espaço latinoamericano. O debate sobre a efetividade de políticas públicas de cunho nacional, regional e local no espaço latino-americano, oriundas de ações governamentais e não-governamentais, se mostra atual e necessário. Voltadas ao reconhecimento da relação entre diversidade cultural e descolonização de perspectivas e práticas, tais análises e trocas de conhecimento, revelam-se ainda mais urgentes na atual conjuntura de golpes e retrocessos políticos e das sérias ameaças aos direitos historicamente conquistados pela sociedade em diversos países latino americanos. Por meio de Rodas de Conversa, acionadas por ideias, conceitos, pesquisas, experiências e propostas, este Simpósio pretende contribuir para um debate aberto e crítico a todos que se interessam pela temática da diversidade cultural e descolonização do pensamento e das práticas, e sua relação com as políticas públicas.
Coordenadores: Dr. José Marcio Barros (UEMG) e Me. Juan Ignacio Brizuela (UFBA)
ST 05 – Fronteiras Culturais em Contextos Epistêmicos Descoloniais
Descrição: A fronteira geográfica é lugar de separação, mas o é também local de aproximação das diferenças e semelhanças entre os lugares, sujeitos e suas práticas artístico-culturais. Entretanto, com base em uma noção que se quer mais aprofundada de fronteira para além de mero conceito de marco delimitatório, mais como epistemologias para produção do conhecimento, a partir dos conhecimentos produzidos nos lugares que circundam os múltiplos lados das fronteiras postas, propomos debater neste simpósio noções/delimitações outras — priorizando a ideia de que apesar das multíplices fronteiras distanciarem e aproximarem ao mesmo tempo —, e discutir que as fronteiras reais e imaginárias não situam em lugares nos quais se iniciam os discursos formuladores de poderes nas/entre as práticas, sujeitos e discursos produzidos nesses muitos lugares epistêmicos fronteiriços e culturais por diferentes naturezas. Queremos dizer com isso que a fronteira é lugar onde nem sempre é promovido o ponto de partida discursivo de conceitos como e para a produção de conhecimentos e artísticos, por assim dizer, dos lugares onde essas fronteiras estão situadas/estabelecidas: sejam elas concretadas como marcos reais, sejam as fronteiras sociais postas como limites virtuais e/ou imaginários pelos sistemas comerciais, políticos ou econômicos dos lugares. Nesse sentido, propomos reunir discussões neste simpósio, como propostas epistêmicas outras a partir desses lugares (geográficos, mas também culturais), de conceitos descoloniais outros que emergem de dentro e de fora dessas fronteiras (im)postas pelos diferentes sistemas imperantes; tais como: “biogeografias”, “crítica biográfica fronteiriça”, “discursos indígenas” e “literaturas de fronteira”, estéticas periféricas, epistemologias marginais, produções de conhecimentos a partir de conhecimentos etc; entre muitos outros que rompam as noções postas e estabelecidas pelos discursos clássico e moderno como únicos produtores de arte, cultura e conhecimentos.
Coordenadores: Dr. Edgar Cézar Nolasco (UFMS/NECC) e Dr. Marcos Antônio Bessa-Oliveira (UEMS/NAV(r)E)
ST 06 – Razões e raízes da violência contemporânea contra os povos indígenas na América Latina
Descrição: Nosso Simpósio Temático tem como objetivo compreender, analisar e problematizar a violência contemporânea contra os Povos Indígenas na América Latina elucidando suas razões e raízes históricas a partir das teorias decoloniais e outras teorias que auxiliam na análise do tema.
Para compreender a violência contemporânea contra os Povos Indígenas na América Latina, faz-se necessário partir de uma análise sistêmica e de longa duração, considerando que a mesma incide fundamentalmente sobre a territorialidade dos povos originários, seja nas disputas pela terra e por recursos, seja nos processos que dificultam seu reconhecimento enquanto sujeitos políticos, dotados de especificidades culturais. Entre as diversas perspectivas de se analisar os atuais dilemas vividos pelos povos indígenas na região, sobretudo nos que buscam compreender as raízes e as razões da atual situação no continente latino americano, sendo uma delas a proposição dos autores identificados com a noção de Colonialidade do Poder, que acentuam, na análise dos processos de conflito e violência, a presença do “epistimicídio” e a necessidade de desconstruir, de forma radical, o pensamento eurocêntrico que está envolvido nestes processos. Em quase toda a América Latina e no Brasil especialmente, não obstante os avanços decorrentes da inscrição de direitos nas Constituições Nacionais e na legislação internacional, a violência, nesta perspectiva, ainda permeia a ação do Estado, reduzindo direitos como a não demarcação dos territórios e implantação de obras desenvolvimentistas que afetam esses povos e se expressa também através da omissão deste frente a assassinatos e a invasão das terras indígenas por parte dos setores hegemônicos.
Neste Simpósio, serão bem vindos trabalhos que se debrucem sobre casos específicos destas formas de violência e de conflito, bem como reflexões teóricas relacionadas ao tema, sejam estas identificadas com a perspectiva teórica proposta ou outras que contribuam para a análise desta questão.
Coordenadores: Dr. Clovis Antonio Brighenti (UNILA) e Dra. Carmen Susana Tornquist (UDESC-SC/PPGPLAN)
ST 07 – Mídia, identidades e debates pós-coloniais: saberes, perspectivas, possibilidades
Descrição: A contemporaneidade tem se apresentado enquanto um período de tensão temporal, no qual indivíduos e grupos são constantemente perpassados por inúmeros vetores de produção de sentidos e sensibilidades. Nesse âmago se localizam de modo extremamente atuante os meios de comunicação, estabelecidos gradualmente como mídias de massas, os quais foram adquirindo importância central no mundo que se construiu a partir da emergência do que se convencionou definir como “mundo moderno”. Como parte desse processo, percebe-se a paulatina construção de centros hegemônicos de produção de saberes e de referências socioculturais, postas em parâmetros de pertencimento, comportamento, socialização, consumo, dentre tantos outros, os quais oportunamente são estabelecidos e destruídos. O sucesso dessa empreitada, porém, é parcial uma vez que, no centro, localiza-se uma contenda sociohistórica que tem por disputa a atribuição sobre a afirmação do que seriam as “identidades legítimas”, quem as representa, bem como os códigos necessários para que sejam afirmadas socialmente. Observa-se, também presente, um conjunto extremamente vasto de práticas sociais de resistência e afirmação que vão se estabelecendo a partir de práticas, símbolos e espaços diversificados – seja subvertendo totalmente os códigos ditos legítimos, ou mesmo o fazendo a partir de pequenas desobediências cotidianas, produtoras de novos saberes e apropriações. Tais tensões, por exemplo, vêm se mostrando extremamente presentes nas áreas de fronteira, tendo como centro de manifestação no âmbito discursivo, dentre outras formas, dualidades habilmente posicionadas pelo discurso midiático hegemônico, o qual detém a atribuição da escrita considerada legítima. Dentre essas dualidades pode-se citar: pobreza/consumo, licitude/ilegalidade, decência/transgressão, dentre outras. Nesse debate, portanto, questões se fazem necessárias: que tipos de novas perspectivas de construção de formas de pertencimento passam a ser possíveis de existir, tendo em vista que a resistência é constante? Como pensar essas formas de expressão contra hegemônicas de forma a termos uma compreensão complexa do dinâmico mundo social que se faz presente no cotidiano que nos cerca? A proposta de Simpósio Temático tem por centro tal debate e visa a incorporar temáticas que relacionem tanto a tentativa de afirmação do poder hegemônico midiático, quanto as expressões de resistências anteriormente elencadas.
Coordenadores: Me. Marcelo Hansen Schlachta (IFPR) e Me. Jael dos Santos (Unioeste)
ST 08 – Práticas e Políticas educacionais na América Latina
Descrição: As políticas públicas de educação ao redor do mundo estão passando por um processo de padronização internacional. O sistema PISA (Programme for International Studant Assiment), que conta atualmente com a participação de 32 países, promove testes internacionais com o objetivo de estabelecer níveis de aprendizado. Para tanto, são criados sistemas genéricos de avaliação que desprezam as particularidades de cada região analisada. Além disso, há a proposta de mecanização do conhecimento, sendo estabelecidos apenas parâmetros para mensurar pseudo competências sobre o entendimento de Ciências, Matemática e a capacidade de leitura dos estudantes.
Atualmente, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, Peru, República Dominicana e Uruguai são países que se tornaram signatários do sistema PISA. Sendo assim, as políticas públicas destes países passaram a estabelecer metas que direcionam o processo ensino-aprendizagem a uma formação genérica que atenda aos parâmetros internacionais e desprezam a formação crítica do indivíduo.
Na contramão desse processo de mecanização do processo de ensino-aprendizagem, professorxs procuram promover práticas educativas que priorizam a formação crítica dos alunxs. Além disso, há propostas de políticas públicas para a educação que seguem perspectivas diferentes do sistema PISA. Nesse sentido, o objetivo desse Simpósio é reunir pesquisadorxs que discutam as políticas públicas de educação e relatos de experiência de professorxs e estudantes dos cursos de Licenciaturas sobre suas práticas educacionais no Ensino Fundamental e Ensino Médio.
Coordenadores: Dra. Alessandra Fontes Carvalho da Rocha (UFRJ) e Dr. Washington Kuklinski Pereira (SME-RJ)
ST 09 – Ao sul do atlântico: o trânsito de saberes e práticas eixo sul-sul
Descrição: Na contemporaneidade o impacto e intensidade dos fenômenos socioculturais suscitam debates, que desafiam a práxis nos diferentes campos do conhecimento das ciências sociais e humanas. Assim, podemos citar algumas situações (próprias desse fenômeno), como: o afluxo de imigrantes africanos no território latino-americano; a ascensão das relações sociais, mediadas por tecnologias virtuais; e a multiplicidades de trocas culturais, que geram identidades rizomáticas. Esses fenômenos socioculturais interrogam as teorias clássicas, instigam a produção de outros conhecimentos e desvelam saberes e práticas eclipsados pelo discurso canônico ocidental de verdade científica. Nesse sentido, ao mesmo tempo que a desordem material e simbólica produzida pela tensão entre o tradicional e o contemporâneo geram medo e angústia, também abrem espaços para vozes, que outrora foram silenciadas pelo colonialismo epistêmico e geopolítico do binarismo norte-sul.
Portanto, este simpósio temático acolherá trabalhos produzidos no limiar dos conflitos socioculturais, na era da globalização, na perspectiva do sul, cujo objetivo é proporcionar outros caminhos e possibilidades à construção de um conhecimento situado e reflexivo no âmbito das ciências sociais e humanas, no espaço latino-americano, em diálogo com saberes produzidos no contexto caribenho e africano. Também serão aceitas releituras de correntes teóricas tradicionais, desde que não evada da proposta do simpósio, que tem como enfoque a circulação de saberes sensíveis às dinâmicas socioculturais eixo sul-sul. Além disso, pesquisas que trazem contribuições metodológicas serão bem-vindas.
Coordenadores: Dr. Jose de Ribamar Sousa (UCB), Ma. Kelly Tatiane Martins Quirino (UNB) e Ma. Glória Maria Santiago Pereira (UCB)
ST 10 – Cultura e Desenvolvimento Econômico na América Latina
Descrição: O simpósio temático tem como escopo aprofundar a reflexão sobre as diversas modalidades de planejamento, de organização, de monitoramento e de gestão das políticas culturais na América Latina e como elas podem contribuir para o desenvolvimento econômico da região.
A proposta é criar um espaço interdisciplinar sobre a necessidade de repensar o aproveitamento econômico da cultura na região e seus atores. O ST visa reunir pesquisadores, professores, estudantes, gestores políticos e membros de movimentos sociais que estão dispostos a debater ferramentas, conceitos, políticas culturais e desenvolvimento econômico da região. Serão bem-vindos estudos e relatos: 1) experiências latino-americanas sobre a alocação de recursos em políticas culturais e em indústrias culturais. 2) Cultura popular e sua dinâmica com o mercado de bens e serviços culturais. 3) Apropriação, hegemonia cultural e concorrência internacional; 4) Economia da cultura e sua dinâmica capitalista.
Coordenadores: Me. Isaías Albertin de Moraes (UNESP) e Dra. Monica Heinzelmann Portella de Aguiar (UCAM)
ST 11 – Bem Viver e ecossocioeconomia como alternativas de desenvolvimento
Descrição: Em contraposição à crise civilizatoria e ambiental provocada pelo capitalismo e seu suporte ideológico calcado no individualismo e no racionalismo; e frente as diferentes concepções de desenvolvimento requer-se uma reflexão/revisão sobre seus conceitos. Neste sentido surgem experiências ecossocioeconômicas e modelos de desenvolvimento como o Bem Viver, que se apresentam como alternativas de desenvolvimento territorial sustentável, privilegiando modos de vidas tradicionais e suas experiências em curso.
O termo ecossocioeconomia surgiu no contexto de uma nova economia de sistemas socioecológicos complexos, cunhado por Karl William Kapp (1987), nos anos 1970. Sugere um conjunto de esforços no qual se acredita que traga aprendizados para compreender os antecedentes da crise ambiental, cujo pressuposto se baseia nas mesmas assimetrias que existem entre homem e natureza, derivadas do antropocentrismo, onde preside a relação homem x homem, que conduzem à desigualdade social.
O conceito do Bem Viver, ou “Bien Vivir” ou “Vivir Bien, surgiu na região andina da América do Sul. Derivado por um lado do Quechua e por outro do Aimara, idiomas pré-hispânicos da região dos Andes. O Bem Viver reconhece que o planeta possui uma capacidade de carga limitada e que o consumo e o descarte deveriam considerar a coletividade, atual e futura, de modo a não prejudicar irreversivelmente os ecossistemas e a biodiversidade planetária (ACOSTA, 2008; GUDYNAS, 2009).
Diante disso, o objetivo deste simpósio temático é dialogar interdisciplinarmente sobre o tema Bem Viver e suas aproximações com experiências ecossocioeconômicas. Entendendo que estas alternativas de desenvolvimento, emergem como plataformas para o debate sociopolítico e cultural, e que, apesar da diversidade de posturas, representam alternativas passíveis de se superar o paradigma do desenvolvimento hegemônico.
Coordenadores: Dra. Liliane Cristine Schlemer Alcântara (UFSCar/PPGTU) e Dra. Isabel Jurema Grimm (PUC-PR)
ST 12 – INDÍGENAS, AFRICANOS E AFROINDÍGENAS: Experiências, Cosmologias e Lutas em Perspectivas Decoloniais
Descrição: Refletir as transformações da atual condição Latino-Americana é uma tarefa que exige, dentre outras investidas, a compreensão histórica do processo colonizador enraizado no marco da Idade Moderna europeia e suas implicações na história do século XIX e XX por todo o mundo. Contiguamente a esse entendimento, vemos emergir formas de vida e luta de povos indígenas, comunidades quilombolas e populações tradicionais com experiências socioculturais e políticas, visibilizadas em elaborações cosmológicas e projeto em defesa de direitos humanos e transformações sociais. Quando mapeamos em documentos escritos, visuais, monumentais e narrativas orais sobre trajetórias desses povos, surpreendemos resistências imemoriais pelos saberes, fazeres e acreditares que remontam os últimos quatro séculos. Com base na perspectiva interdisciplinar do conhecimento, a proposta do Simpósio Temático é valorizar e discutir pesquisas interessadas nos modos de vida, cosmologias e saberes, ou focadas em lutas, poder de agência e protagonismo de populações indígenas, africanas, afro-brasileiras ou em zonas de contato afroindígena. Para esse investimento epistemológico, partimos da crítica à modernidade eurocêntrica, cartesiana e iluminista realizada pelos estudos Decoloniais latino-americanos, como uma postura aberta a epistemes nativas historicamente invisibilizadas pelas teorias “continentais” que exercitaram leituras abissais entre o “ocidente e o resto”. Portanto, partindo da proposta de que o exercício da pesquisa não é apenas “descolonizar” ou desconstruir processos de dominação eurocentrados, mas avançar suas considerações mediante a inserção efetiva do pensar as alteridades, ultrapassando o essencialismo da diferença, perguntamos: De que modo a crítica Decolonial tem ajudado a realizar leituras a contrapelo de experiências, cosmologias, formas de luta e agenciamentos de populações indígenas, africanas e afroindígenas? Para instigar usos, apropriações, críticas e debates a essa perspectiva teórica, o Simpósio Temático estará aberto para acolher pesquisadores e pesquisas interessados em discutir essas questões e socializar tais experiências.
Coordenadores: Dr. Jerônimo da Silva e Silva (UNIFESSPA/FACAMPO) e Dr. Agenor Sarraf Pacheco (UFPA/FAV)
ST 13 – Colonialidade de poder e a transnacionalização das práticas afro-brasileiras
Descrição: No entendimento de Mignolo (2008) a perspectiva decolonial é uma forma de desobediência epistémica para com as visões eurocêntricas hegemônicas. No entanto, também podem ser uma ferramenta teórico-metodológica diferenciada que se pode utilizar para observar a realidade social. Propomos, neste Seminário temático, discutir os processos de circulação e apropriação de “bens simbólicos” produzidos em países do Sul por indivíduos e grupos de países centrais. O marco teórico sobre a transnacionalização (Basch, Glick-Shiller, 1994) que colocou em evidência uma perspectiva “from below” (de baixo), ou a partir da perspectiva do ator, enfatizando a capacidade de ação dos indivíduos (agency). O objetivo do Simpósio Temático é de problematizar a transnacionalização de bens simbólicos a partir dos países do Sul, bem como os efeitos deste processo em ambos os polos do circuito, com foco nas práticas afro-brasileiras. Por práticas afro-brasileiras compreendemos um conjunto de saberes rituais e performáticos, tais como: a capoeira, o samba, o maracatu, o afoxé, a batucada como também dos diversos manifestações religiosas afrodescendentes no Brasil. Esperamos contribuições de pesquisadores que estejam desenvolvendo pesquisas sobre os processos de transnacionalização das práticas afro-brasileiras e suas intersecções.
Coordenadores: Dr. Daniel Granada da Silva Ferreira (Univates) e Dr. Ricardo Cesar Carvalho Nascimento (UNILAB)
ST 14 – Culturas Híbridas e Diálogos De Fronteiras: Perspectivas Teóricas e Experiências Compartilhadas
Descrição: Este simpósio receberá trabalhos que abordem fluxos socioculturais em regiões de fronteira. As fronteiras são compreendidas além dos aspectos geopolíticos e comerciais, conformando regiões de trocas simbólicas e sistemas culturais que assumem dinâmicas próprias, diferenciadas daquelas que são características dos países vizinhos. Ao falar em culturas híbridas, Canclini () dá especial atenção às regiões de fronteira. Dentro da perspectiva cultural e atuação dos sujeitos fronteiriços, muitos aspectos do cotidiano das fronteiras, como a violência e a militarização, são ressignificados e passam a desencadear processos criativos e libertadores que mobilizam novos sujeitos e transformam o cenário. A perspectiva de transnacionalismo e bifocalidade de Vertovec () também contribui para perceber os fluxos culturais em regiões de fronteira. Não obstante, as dinâmicas geopolíticas e socioculturais guardam diversidade em cada região de fronteira, o que mostra a importância dos diálogos de fronteiras como exercício de comparação e troca de experiências. Serão recebidos trabalhos que abordem perspectivas teóricas e metodológicas para o estudo das regiões de fronteira, assim como trabalhos que retratem experiências de pesquisa e/ou ação cultural em regiões de fronteira da América Latina.
Coordenadores: Dra. Diana Araújo Pereira (Unila), Dr. Júlio da Silveira Moreira (Unila) e Ma. Mayara Alexandre Costa (UFRJ)
ST 15 – Cooperativismo, Identidade e Desenvolvimento Local
Descrição: A proposta do simpósio é debater abordagens e resultados concretos de pesquisas e/ou projetos de extensão, enfatizando-se a produção e comercialização de alimentos e objetos artesanais, os sujeitos e distintas formas de organização política, redes curtas (circuitos curtos) e articulações culturais que substantivam iniciativas de desenvolvimento territorial de base local com autonomia decisória e valorização dos produtos de identidade territorial.
Coordenadores: Ma. Simone Cristina Putrick (UFPI) e Dr. Mauro José Ferreira Cury (Unioeste/UNIR)