Oficinas/minicursos


OFICINA HISTÓRIA ORAL: PROCEDIMENTOS PRÁTICOS

Mestre Simone Gomes de Faria (UFPEL)
Mestrando Karen Laiz Krause Romig (UFPEL)

É sabido que desde a Antiguidade ampara-se do uso dos testemunhos orais para trazer à tona aspectos do passado. Assim sendo, é possível afirmar que o seu uso é tão antigo quanto a própria História. No entanto, é na metade do século XX que ela se torna uma técnica específica de investigação para a criação de fontes com vistas a embasar projetos de valorização das tradições subalternas e dos marginalizados da história nos diversos campos disciplinares. Neste limiar, é por meio do movimento de renovação historiográfica e da recuperação democrática, em nosso país, que se observa a multiplicação dos trabalhos com este aporte metodológico. Deste modo, considera-se de fundamental importância a abordagem de algumas questões teóricas e metodológicas ao se utilizar e apropriar das fontes orais. Partindo deste pressuposto justifica-se a realização da oficina diante do número quantitativo de trabalhos acadêmicos que se validam deste método, que por sua vez, é dotado de distinções epistemológicas que merecem ser esclarecidas. Afinal, quais as distinções entre a História Oral e a História de vida? Tais questionamentos são frequentes por parte dos pesquisadores iniciantes, deste modo, pretende-se contribuir para que as pesquisas não sejam somente de cunho quantitativo nos meios acadêmicos como também de dimensão qualitativa.  Neste ínterim, o objetivo geral desta oficina é o de introduzir, nos estudantes, em específico, das Ciências Humanas, os principais debates em torno da História Oral, assim como, a utilização técnica do trabalho com os testemunhos. Nas especificidades pretende-se comparar o uso da entrevista da História Oral e a entrevista; aferir as debilidades e fortalezas da História Oral como método qualitativo de investigação social, averiguar como se realiza a análise, a interpretação e a apresentação das entrevistas em um projeto de história oral, reforçar as suas potencialidades ao versar de temáticas que contemplem os problemas sociais de equidade, gênero, pobreza, etnia, ambientais, entre outros. Em suma, demonstrar que seu uso serve como um veio para o conhecimento da explicação social no empenho de mostrar que a metodologia pode ser empregada em projetos nos mais variados campos de saberes como os das artes visuais, plásticas, dança, musicais, arquitetônicas, dramáticas, literárias, historiográficas, entre tantos outros ensejos. Para tanto a oficina pretende alcançar a um público que ampara-se deste método em suas pesquisas, bem como, os construtos teóricos serão fundamentados pelas aduções de Meihy (2014) e Alberti (2005) por serem pesquisadores que versam mais especificamente sobre os procedimentos práticos na elaboração de um projeto, na execução de um roteiro de entrevistas, na realização e transcrição das entrevistas, no tratamento de dados e na ética necessária para o procedimento metodológico da História Oral.

MINICURSO ANÁLISE ICONOLÓGICA E INTERPRETAÇÃO ICONOGRÁFICA: HISTÓRIA E MEMÓRIA EM ACERVOS FOTOGRÁFICOS

Doutora Andrea Maio Ortigara (FURG)

O objetivo do minicurso é promover estudos sobre análise de imagens fotográficas partindo da metodologia de análise iconológica e interpretação iconográfica com base em Boris Kossoy. Para o autor, no momento em que se analisa uma fotografia estamos diante de uma segunda realidade, o documento. Portanto, abordaremos a fotografia como segunda realidade e memória, ou seja, a realidade da representação. A segunda realidade é construída e codificada, é o elo material do tempo e do espaço representado, pista para desvendar o passado. Na fotografia, as frações do real visível da paisagem de outrora, são recortes espaço-temporais da primeira realidade da dimensão da vida, são a memória cristalizada (KOSSOY, 2014, p. 167-168). A relevância da proposta pauta-se na compreensão da fotografia como um objeto que possui informações referentes ao seu conteúdo imagético e o seu contexto externo. Portanto, a partir do roteiro metodológico de Kossoy abordaremos a fotografia como fonte de pesquisa histórica, evidenciando dados relacionados ao suporte físico, o conteúdo informacional e as relações externas ao objeto. Kossoy (1999, p. 58) propõe a iconografia e a iconologia como linhas de análise capazes de decifrar as informações explícitas e implícitas no documento fotográfico. Por meio da iconografia é possível reconstituir os elementos visíveis da fotografia, já a iconologia permite recuperar as informações codificadas dentro da imagem. Para Kossoy (2014, p. 110), na representação da imagem fotográfica, “ver, descrever e constatar não é o suficiente”. Portanto, a iconografia é insatisfatória à apreensão da mensagem, sendo necessário o complemento da análise por meio da iconologia. A partir deste aporte teórico-metodológico, finalizaremos com uma atividade prática onde os participantes irão analisar imagens usando os critérios operacionais de análise das fontes fotográficas tendo como referência a arqueologia do documento, que compreende o momento da sua localização em arquivos, o estudo de sua procedência, a definição de seus elementos constitutivos e a identificação de informações nele contidas, por meio de uma análise técnico-iconográfica. A proposta justifica-se ao abordar a fotografia como fonte histórica e suporte de memória que auxilia na compreensão e conhecimento do passado, ressaltando a valorização documental dos acervos pessoais no campo da memória social. Poderão se inscrever estudantes de graduação e pós-graduação de qualquer área das Ciências Humanas, Sociais e Multidisciplinares (incluindo as aplicadas), assim como professores e pesquisadores.

minicurso A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Mestranda Bibiana Schiavini Gonçalves Toniazzo (UFSM)

Doutora Marta Rosa Borin ( UFSM) 

Mestranda Vivian Alkaim Salomão José ( UFSM)

O minicurso a ser desenvolvido durante o Encontro Humanístico Multidisciplinar / Congresso Latino Americano de Estudos Humanísticos Multidisciplinares sensibilizar os professores da educação básica sobre as possibilidades de trabalho a partir da metodologia sobre educação patrimonial. O método que norteia a Educação Patrimonial é baseado em processos educativos em espaços formais e não formais voltados para preservação e conservação do patrimônio cultural existente numa localidade. O objetivo do minicurso é sensibilizar os professores da educação básica sobre as possibilidades de trabalho a partir da metodologia sobre educação patrimonial. Assim, espera-se oportunizar aos participantes atividades de ensino que contribuíam, de forma multidisciplinar, dinamizar o contexto escolar do educador. O minicurso além do aporte teórico referente a metodologia proposta vai abordar experiências profissionais e acadêmicas das ministrantes do minicurso acerca da Educação Patrimonial. O tempo estimado para realização do minicurso são duas horas. Para realização da atividade estima-se um público de dez pessoas, preferencialmente, de professores que atuam na educação básica. A presente proposta justifica-se no sentido de proporcionar aos participantes novas perspectivas acerca do patrimônio cultural como temática em educação como apoio pedagógico aos professores que atuam na educação básica. Desta forma, torna-se fundamental o reconhecimento do espaço escolar, bem como os atores sociais da comunidade como referenciais de pesquisa e identidade para apropriação e valorização do seu próprio patrimônio. Trabalhar com a educação patrimonial no contexto escolar é uma oportunidade de reconhecer, tanto individual quanto coletivamente, a identidade e a cultura de uma região.

MINICURSO UMA EXPERIÊNCIA DIGITAL DE ESTUDO DE SOCIOLOGIA CLÁSSICA

 

Doutorando Carlos Eduardo Poerschke Voltz (Feevale)

No cenário atual, digital, repleto de transformações nas formas de pensar, agir e sentir, torna-se relevante pensar em novas possibilidades do ensino de Sociologia, uma área conhecimento propriamente teórica e reflexiva, tradicionalmente estudada por meio da leitura e discussão de livros, e em propostas alternativas para sua operacionalização. Então, o objetivo do curso é apresentar uma das formas de estudar teoria clássica sociológica de forma aberta e criativa, integrando algumas das múltiplas possibilidades disponíveis no mundo digital. Os objetivos da atividade são: estudar as teorias clássicas do pensamento sociológico (Auguste Comte, Emile Durkheim, Max Weber e Karl Marx) por meio do modelo de rotação por estações do Ensino Híbrido, no qual os participantes serão organizados em grupos e se revezarão dentro do ambiente da sala de atividades com ferramentas digitais; estimular os participantes da oficina a refletirem em grupos sobre os conteúdos de Sociologia Clássica e a produzirem sínteses sobre cada autor trabalhado nas estações; construir um produto colaborativo entre todos os participantes da oficina e disponibiliza-lo na Internet.  Será utilizado o modelo de rotação por estações para o estudo da sociologia, estimulando os participantes a refletirem, produzirem a partir do que refletiram e compartilharem o que produziram.  Assim, a oficina justifica-se por estimular o interesse de estudantes do ensino básico e ensino superior nos estudos de Sociologia Clássica, olhando para além dos livros. Pode, com isso, auxiliar amadurecimento do pensar crítico e reflexivo destes estudantes sobre a sociedade. Oportunizar o uso de ferramentas e atividades para a leitura, produção e compartilhamento do conhecimento da área estudada pode incentivar o estudante a criar seus próprios mecanismos de estudo de acordo com seu contexto de vida e interesse.  A experiência pode auxiliar estudantes e professores dessa área do conhecimento a um maior engajamento e aproveitamento em sala de aula. Também pode auxiliar os professores a refletirem sobre suas práticas e a buscarem inovação. 

MINICURSO DIÁLOGOS ENTRE ARTE E POLÍTICA: RESISTINDO AO ANTI-INTELECTUALISMO

Mestrando Sergio Schargel Maia de Menezes (PUC-Rio)

Em épocas de ascensão do anti-intelectualismo, a política da política consiste em um permanente ataque à arte, que, por conta própria, adota a política de resistência. Por si só, essa questão gera outras abordagens epistemológicas: é possível falar de arte sem falar de política? É possível ser apolítico na arte? O que significa discutir política e arte no Brasil de hoje? Ministrada por um pesquisador de ciência política e um pesquisador de literatura, a principal proposta deste minicurso é que seja criado um debate das relações dialógicas entre arte e política no Brasil contemporâneo, discutindo conceitos como poder, hegemonia, ur-fascismo e anti-intelectualismo. Importante ressaltar que o minicurso não tem intenção panfletária: não almeja, de forma alguma, atacar ou falar sobre partidos específicos, mas sim oferecer um panorama geral da relação simbiótica entre arte e política, a representação de conceitos políticos específicos na literatura e as metodologias de resistência que a arte pode assumir frente ao anti-intelectualismo. Com os recentes e constantes cortes na arte, cultura, ciência e tecnologia, bem como com a ascensão do anti-intelectualismo, justifica-se a relevância deste trabalho pela necessidade de se trazer um debate poliárquico sobre a importância da arte e da cultura para o pleno exercício do Estado democrático de direito, com particular atenção no que tange às formas com que a arte pode assumir para resistir ao autoritarismo e ao ur-fascismo. A escolha de um pesquisador dos dois campos de saber referentes a proposta não se deu por acaso: acreditamos que a contribuição de ambos será fundamental para debater as questões propostas; um contribuirá inevitavelmente com uma análise mais literária dos temas levantados, enquanto o outro fornecerá um exame mais voltado à política em si. Realizaremos, assim, uma dinâmica dialética, onde um irá consecutivamente complementar o que foi levantado pelo outro, permitindo um debate sólido sobre as questões propostas e mesmo a formação de um dissenso, que, como diz Jacques Rancière, é fundamental à democracia. Temos a intenção de que o minicurso seja aberto para todos, sem requisitos necessários para que a discussão seja acompanhada. Obviamente que, dada a possibilidade, conhecimento anterior relativo aos temas e subtemas é útil. Assim, a leitura de livros que permearão direta ou indiretamente o minicurso como A razão populista, de Ernesto Laclau, O fascismo eterno, de Umberto Eco, Como funciona o fascismo, de Jason Stanley, Não vai acontecer aqui, de Lewis Sinclair e Microfísica do poder, de Foucault, são certamente adendos, mas não são absolutamente necessários. A ideia é que o curso seja voltado à comunidade acadêmica em si, especialmente estudantes de cursos relacionados a artes, mas aberto à todos. 

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